Arquivo mensal: setembro 2011

Quem conta um conto: Morte no divã

Eram 17:37. Hora de encerrar o expediente. Hora de encerrar a semana. Era uma sexta-feira.
Depois de um dia de mal estar, um braço formigando e uma pontada forte no peito a porta se abriu. Entrou sala a dentro um homem baixinho com veste finas brancas. Com olhar engraçado vindo de seus olhos redondos e semblante risonho fruto de sua cara redonda de bochechas grandes e uma careca que o deixava com a aparencia de um Monge Franciscano. Com uma voz pouco harmoniosa cheia de notas agudas disse:
– Dr. Frederico Oliveira, é chegada a hora.
Estuperfato com tamanha audácia daquela figura pitoresca respondeu:
– Como assim? Você não tem hora marcada e muito menos é meu paciente.
– Quem tem hora marcada aqui é você. Respondeu a figura que completou:
– Porque todos vocês se fazem de desentendidos na minha presença? Tenho que explicar milhões de vezes… se bem que já são mais de bilhões. Deixe eu me apresentar, Obitu Mors, muito prazer! Conhecido também como Morte, e venho levar sua alma comigo.
– Como sim a Morte?
– Isso, morte, ou se preferir óbito, falecimento, passamento ou ainda desencarne. Existem outras alegorias comuns para me definir o Anjo da Negro ou o meu favorito o famoso túnel com luminosidade branca ao fundo.
– Ah tá! Você a morte? – riu desdenhosamente – Mais parece o…
Antes que completasse a frase foi interrompido pelo estranho:
– Danny Devitto? É eu sei. Sempre a mesma coisa. Tento levar esse momento da melhor forma, mas parece que vocês gostam de sofrer. Que tal assim então? – neste momento o baixinho bateu com sua refinada bengala no chão e em um instante se transformou em uma figura de roupas longas e negras com as pontas puídas pelo tempo. A bengala deu lugar a uma grande foice com um cabo tortuoso de uma madeira muito escura pelo tempo. Olhos vermelhos pulsantes como fogo em uma face esquelética. Com uma voz tão grave quando o soar de uma trombeta perguntou:
– Satisfeito? Convencido do que lhe disse? Podemos fazem isso por bem ou dolorosamente. O senhor escolhe.
As forças faltaram nas pernas de Frederico. Caindo sentado sem reação na poltrona e murmurou olhando para o nada:
– Mas como? Assim? Sozinho? Sem me despedir? Isso não é justo!
– Depois conversamos sobre justiça. Voltando a sua forma inicial Obitu completou:
– Não é todo dia que faço a passagem de um psicólogo. Ainda mais um… espera um pouco enquanto consulto meus arquivos… – tirando do bolso um aparelho em formato de tablet – Ah! Achei. Doutor Especialista em traumas por morte. Ou seja, o seu trabalho é o meu trabalho! Ou o contrário, sei lá. A muito que espero por este momento! Ainda mais que minha última consulta foi quando um tal de Frode, quero dizer, Freud, mudou de dimensão. Podemos começar?
Neste momento o psicologo só reuniu forças para um acenar afirmativo de cabeça. Sem se fazer de rogado o inesperado paciente foi logo dizendo:
– Estou me sentindo pressionado! Quanto mais trabalho mais tenho o que fazer! Como esse povo tem morrido ultimamente! E o pior quase sempre tem alguém para reclamar e dizer que não fiz bem feito. Já reclamei com a Chefia que nestas condições não tem como.
– Mas quem seria essa tal “Chefia”?
– E quem seria? O Todo Poderoso, A Providência, O Divino. Sei lá qual o nome você prefere. Falando nisso vocês gostam de dar nomes as coisas.
– Deus? – perguntou o Dr.
– Se você quer chamá-lo assim que seja. Já pedi 2 estagiários. Se não chegarem até o fim desse século vou fazer greve! O problema que a classe é fraca. Afinal greve de um só nem é greve, é má vontade! Neste momento você deve estar se perguntando neste pensamento minúsculo de humano, como ele sozinho dá conta de fazer a passagem desse povo todo sem bagunçar o delicado equilíbrio do tempo? Eu gastei um bom tempo pensando nisso também, coisa de uns 8 séculos. Mas fim é simples. O engraçado é que precisou de um tal de Einstein morrer para me explicar isso! O tempo é relativo!
A Morte continuou seu discurso sobre como era difícil agradar a todos. O enfartado que comeu litros de gordura e não entende porque morreu. O jovem bêbado que capotou o carro acha injusto morrer tão novo. Mas no fundo o Dr. Frederico só pensava em um jeito de enganar a Morte e pouco ouvia o que ela dizia. Estava confiante, pois se achava muito esperto. Quanto mais a figura falava menos tinha esperança de conseguir.
– Então Dr. o que tem a me dizer? Perguntou ansioso.
– Acredito que não deva se cobrar tanto. Afinal você busca fazer o seu trabalho bem feito e não poderá mudar a todos. Ah! Quer saber? Não estava ouvindo bulhufas do que estava falando. Estava apenas pensando um jeito de lhe convencer a me deixar vivo. Mas eu desisto. Não tenho nenhum argumento que possa fazer isso.
O Dr. Frederico abaixou a cabeça entre os joelhos esperando pelos raios, trovões e foiçadas. Mas ouviu algo inesperado:
– Gostei da sinceridade. Faço uma aposta contigo. Te deixo em coma. Se 7 pessoas derramarem lágrimas sinceras pelo seu sofrimento eu lhe deixo viver até os 120 anos. Porém se isso não acontecer além de perder sua vaga no céu você descera direto para o inferno!
Então o analista sorriu! Afinal 7 pessoas sofrendo por sua causa deve ser fácil. Mas aos poucos foi fazendo as contas e percebeu que não seria tão fácil assim. Se lembrou que a muito desconfiava que sua mulher tinha um caso com o personal trainer e que talvez ficaria feliz em vè-lo morto. Lembrou-se também que sua filha adolescente disse várias vezes que o odiava e o queria morto. Como não falava com seu filho mais velho desde que o expulsou de casa era melhor não contar com ele. Não tinha pais vivos. Talvez a irmã cujo o marido vivia lhe pedindo dinheiro emprestado chorasse, não pela perda do irmão, mas pela perda da renda extra. Os amigos que sempre foram pouco se perderam a muito tempo, afinal ser um psicologo renomado tomava tempo, o que ele não tinha para perder em mesas de buteco. Chegando a essa lista diminuta não pensou duas vezes, encheu os pulmões com toda confiança e decretou:
– Melhor não arriscar! Afinal de contas depois trabalhar tão árduo era hora de um merecido descanso!

Ps.: Se você chegou até aqui merece um prêmio! Uma tirinha pra descontrair mais ainda!

Super Sagas e Reboots parte 2

Olá Pessoal!

Cá estou eu novamente para a segunda parte de meu desabafo como fã de quadrinhos sobre as estratégias das duas maiores empresas do gênero. Você confere aqui o post sogre as super sagas da Marvel. Agora irei falar do Reboot, reset, trapalhada sei la como se pode chamar aquilo da DC comics.

Pois é para quem não esta atualizado a DC deu a louca e decidiu após uma saga resetar todo o universo e começar tudo de novo. Todas as revistas foram canceladas e 52 novos títulos serão lançados este mês nos E.U.A. reiniciando clássicos como Action Comics, a revista que apresentou o Superman,  além da Detetive Comics, que apresentou o Batman, e por ai vai. Com isso tudo o que aconteceu na empresa nos últimos 20 anos foi apagado da face da Terra. Ou pelo menos a maioria. Todo mundo de uniforme novo, alguns histórias novas e uma temática diferente para os personagens.

Todo de roupas novas e sem cuecas

A estratégia da DC gerou uma furia dos fãs. Por vários motivos, alguns incrivelmente inúteis (tinha fã nervoso por que mudou o uniforme dos personagens…) e outros bastante plausíveis (jogar anos de publicações no lixo é frustrante para quem acompanhou). Mesmo assim o reboot esta sendo um sucesso de vendas na terra do Tio Sam e a primeira, Liga da Justiça, foram vendidos mais de 100 mil exemplares, algo que naõ acontecia a muito tempo no mercado de quadrinhos. O restante já esta esgotado nas comic shops (para quem não sabe nos EUA as vendas são sob encomenda, você faz o pedido e o comerciante pede apenas quantas revistas foram encomendadas na loja).

Mas será que isso é bom como parece? A DC já fez alguns reboots de suas revistas, o ultimo foi em meados dos anos 80 onde tudo começou de novo mas sem resetar os números das revistas, pelo menos da maioria. Eu tive acesso a primeira rvista da Liga da Justiça e sinceramente se fosse comprador americano teria parado por ai. A história é corrida, confusa e sem final, nem meio, nem mesmo um começo. Ela parece estar a anos na frente das revistas dos heróis o que fica incoerente já que foi a primeira a ser lançada. os desenhos dão a impressão que foi feita às pressas e apesar de ja´contar que o vilão da primeira saga será o Darkseid ( o unico vilão que presta para enfrentar o supergrupo da DC) tudo fica meio nebuloso. As criticas das primeiras novas revistas são boas para algumas como Detetive Comics e Action Comics, mas são péssimas para outras como Static Shocke ou Super Choque por aqui. Há ainda verdadeiras afrontas como uma revista dos apagados Rapina e Columba ainda mais desenhadas pelo famigerado Rob Liefield.

A Nova (nem tanto) Liga da Justiça

Rob Liefild é complicado...

Vemos uma atitude desesperada e sem pe nem cabeça já que a DC vinha liderando as vendas com suas próprias super sagas como A Noite Mais Densa, o Dia Mais Claro e só perdeu em Flashpoint, justamente a tal saga que mudou tudo. Porém O Dia mais Claro, consequência da saga anterior trouxe mudanças significativas ao universo, e agora nunca saberemos como os heróis resolveram elas já que ela nunca existiu!. Como leitor me senti traído principalmente por que as super sagas da DC estavam melhor resolvidas que as da Marvel embora sofriam do mesmo problema crônico de repetição.  Além disso a DC precisava recauchutar era seu panteão de heróis, muito cósmicos, futuristas, e principalmente repetitivos demais para um publico que tem como opção a Marvel com um panteão mais complexo. Ao invés disso deram um golpe de marketing e reiniciaram tudo fazendo o leitor de bobo por ele ter comprado e acompanhado as séries desde sempre.

Outro problema do reboot é a cronologia. Segundo este novo universo, o heróis surgiram a apenas cinco anos. Mas a Sociedade da Justiça, primeiro grupo de heróis do universo terá uma revista, o que não faz sentido já que se os heróis surgiram a cinco anos quando foi que apareceu a
Sociedade? Outro problema que causou uma sincope nos fãs foi os Robins. Todos eles estarão no mundo o que simplesmente não faz sentido já que o Batman existe a apenas cinco anos. Então quando ele treinou toda a pirralhada? A resposta da DC?: Robin é um programa de estágio! Isso mesmo os Robins são bat-estagiários. Então o Asa Noturna é o que? O Trainee? Existirá uma companhia financiada de Batmen em todo o mundo o que deve explicar essa história de estagiário, mesmo assim o reboot abriu um buraco gigante na narrativa. Já a Batgirl voltará a andar e não terá levado um tiro do Coringa, mas ela se lembra de ter levado o tiro!? Confuso? Eu também e as histórias ainda nem começaram…

Ela sabe que aconteceu alguma coisa, só não sabe o que...

Eu sinceramente acho que o Reboot deveria ter apagado alguns heróis do universo e buscado algumas explicações menos estranhas. Eu detesto as versões teen dos heróis como Superboy, KidFlash (meu mais odiado) e Moça Maravilha (sem contar que o nome é bem tosco) e estes deveriam ser anulados principalmente por que todos os heróis do mundo serão novatos e jovens, o que não faz sentido os heróis teens manterem suas homenagens aos grandes já que estes acabaram de iniciar a carreira. Se querem colocar os Jovens Titans colocassem a formação original sem os heróis teens que dava mais certo…

Super Malhação

Não sei se estas vendas continuarão bem com o tempo, talvez as histórias melhorem, mas se queriam começar tudo de novo com novos uniformes e mais modernos seria mais fácil e principalmente mais legal com os leitores se fizessem um universo ultimate da DC. Não precisava ter este nome e poderiam aos poucos encerrar as revistas originais com alguma história bacana de encerramento com grandes autores e finalmente acabando com os heróis já que um dia essa turma vai envelhecer… Este é o problema é que as histórias em quadrinhos mensais  e intermináveis já estão saturando os leitores que cada vez tem outras opções de lazer. As histórias fechadas, com começo e meio e fim  são mais atrativas e possibilitam uma versão mais aprofundada dos heróis do que esses arcos que logo são substituídos por outros e outros até você descobrir que tudo que leu na verdade nunca aconteceu por que um executivo achou que não estava sendo rentável. E este é o perigo, daqui a alguns anos todos os heróis serem resetados de novo.

P.S. Até gostei de alguns uniformes, e tirar a cueca por cima da calaça do Super era preciso

P.S. O que me surpreendeu foi a briga de fãs para tirar a calça da Mulher Maravilha, brigaram tanto até ela voltar a parecer uma stripper…

P.S. Me desculpem mas aquela turma teen da DC é que aprece programa de estágio.

O Bloco é nosso, tá ligado!?

Considerado pela crítica como o novo “Distrito 9” (District 9, 2009), o longa britânico “Attack the Block”, dirigido pelo estreante Joe Cornish, é um bom exemplo de como um enredo inteligente, uma boa produção e pouca grana podem render um filme acima da média.

Recebendo excelentes críticas em vários festivais e com uma nota significativa no IMDB (7,2), o filme começa mostrando a enfermeira Sam (Jodie Whittaker) voltando pra casa depois de seu plantão, quando é atacada por um gangue de rua, mas durante o roubo, alguma coisa cai do céu, atraindo a atenção do bando, que acaba sendo atacado por um alienígena.

Liderado por Moses (John Boyega), o grupo acaba matando a criatura e passa a arrastá-la pelo South East de Londres, como uma espécie de trófeu. Quando o grupo vê novas criaturas caindo dos céus, decidi caçá-las, mas tem uma surpresa ao descobrir que os novos recém chegados não são tão “indefesos” quanto a primeira criatura.

E as criaturas de “Attack the Block” são um detalhe à parte. As coisas meio “gorila-lobo wtf”, com suas fileiras de dentes fluorescentes, conseguem cumprir seu papel, criando cenas de perseguição intensas, sustos e muito sangue.

O grande charme de “Attack the Block” (previsto para estrear no Brasil em 7 de outubro) é o perfil dos heróis, fazendo lembrar até mesmo os mocinhos de “Um Drink no Inferno”de Rodrigues e Tarantino. No filme britânico, o grupo liderado por Moses usa drogas, assalta, comete roubos, usa um vocabulário chulo e está mais preocupado em tirar “o deles” da reta do que salvar o mundo de uma invasão.

Fica claro que Cornish não teve intenção de criar um filme cult, mas sim produzir um filme B, baseado no famoso clichê de uma invasão alienígena, mas recheado de atitudes anárquicas.

Entre os últimos filmes de extra-terrestres que vi recentemente, “Attack the Block”  não supera “Super 8” (Spielberg e J.J. Abrans) e nem “Distrito 9” (seja pelas interpretações, quanto também pelo enredo), mas fica empatado com outras produções (independentes ou não), como “Monsters” (boa história) e “Batalha de Los Angeles” (boas cenas de ação).

Interessante destacar que a ideia do filme surgiu depois que Cornish foi vítima de carjacking, quando o sujeito imaginou que se naquele momento acontecesse uma invasão alienígena, sentiria-se mais seguro se o bando de delinquente que o atacou passasse a defendê-lo.

O filme é produzido pela mesma equipe de “Shaun of The Dead” (no Brasil, “Todo mundo quase morto”).

site oficial do filme também é baKana! Se quiser saber mais, pode curtir a página do Facebook, aqui.

(com informações dos lengenders daddy e alcobor)

PS: a galera da periferia de Londres chama os policiais de FEDs (por causa dos filmes americanos);

PS: BLOCK é quarteirão nos EUA, mas em Londres refere-se a cada prédio que pertence a um bairro de habitação popular (geralmente)

PS: Esse post é uma parceria entre o Kuase e o Almanake (se ainda não acessou, tá esperando o que!?)

Super Sagas e Reboots parte 1

Olá Pessoal!

Cá estou eu novamente para falar de quadrinhos! Não sou especialista no assunto, temos nossos dois especialistas aqui no Blog para falar de HQs, mas estou falando aqui como humilde fã do gênero, uma voz que as empresas do ramo deveriam estar ouvindo mais ultimamente. Atualmente o mercado (americano mas que rege o restante) anda passando por uma “crise” segundo os empresários. Ao que parece as novas mídias andam roubando o público do pessoal do cuecão por cima da calça. Com isso as empresas, afinal são empresas e precisam de lucros, estão apostando suas fichas em super sagas que envolvem todo o universo (Marvel) e em Reboots que resetam todo o universo (DC). Mas sérá esse o caminho certo para salvar a nona arte?

Eu como fã do gênero desde moleque conheci tempos de altos e baixos dos quadrinhos. Mas os grandes momentos eram bem diferentes do que estamos vendo hoje. Vamos começar falando da Marvel e suas Super Sagas.  Desde Guerra Civil, a casa das idéias percebeu que era lucrativo juntar todos os heróis disponíveis e coloco-los para saírem na porrada em grandes e coloridas sagas que envolvem todo mundo. desde então TODOS os anos estão saindo super sagas atrás de super sagas envolvendo todo o universo e provocando “consequências que vão mudar para sempre o universo Marvel”. Porém isso esta empobrecendo o universo. Guerra Civil tinha uma história bacana, combates eletrizantes, questionamentos éticos filosóficos e ainda desenhos de altíssima qualidade. Realmente provocou mudanças no universo com a revelação da identidade do Homem Aranha, e a morte do Capitão América. Porém essas profundas consequências não duraram, nada! O Capitão foi substituido, o aranha “voltou no tempo” e nunca revelou sua identidade. Ué pera ai!? eu paguei pelas mudanças como assim!? Sem contar que o Capitão original ressucitou no ano seguinte. Nada tão drástico já que ninguém morre de verdade nos quadrinhos.

Essa sim foi uma boa super saga

Momento emblemático da saga, que se revelou completamente inútil depois....

Em seguida a Marvel trouxe a O Mundo Contra Hulk, uma saga não tão ruim mas sem comparação com a original, depois veio Invasão Secreta, Com roteiro confuso, desenhos péssimos e desfecho horrendo, criado apenas para não perder o verão americano. Em Seguida tivemos a Looooonga Reinado Sombrio com os vilões dominando o universo, em seguida veio o Cerco, que fechou esta saga. Agora tivemos Fear it Self (Sem nome em português ainda) e já estão preparando para o ano que vem mais uma saga com “consequências que mudaram para sempre o universo Marvel”. Isso anda empobrecendo os heróis da editora e as próprias super sagas. A graça das super sagas é chegarem fazerem o reboliço e depois os heróis passarem  um bom tempo convivendo com isso. Era assim que era antigamente. Uma super saga era algo raro, um mega evento com revistas de material melhor e desenhistas especialmente convidados. Agora viraram fast food de verão americano. Não da tempo de você digerir as consequências pois logo ta todo mundo ocupado de novo enfrentando uma nova ameaça.

Invasão Secreta...

... Reinado Sombrio...

... e ufa! Fear It Self. Pera ai tem mais!?

O que Guerra Civil provocou foi fantástico mas totalmente apagado pela péssima Invasão Secreta com explicações escrotas que não eram necessárias. Os grandes eventos perdem o valor pois você sabe que daqui a pouco terá outro e depois outro e depois outro. AS tais grandes consequências não são bem resolvidas, não dá tempo de você saber como a vida dos heróis fica depois de um evento de tal magnitude. O pior é o momento entre as super sagas. Quando deveriam haver histórias individuais melhores, na verdade só vemos uma preparação para a próxima super saga. Não tem um aprofundamento nos personagens, não conhecemos mais o lobo solitários Wolverine, ou a complexidade do Homem-Aranha, tempos apenas personagens que ajudam a juntar mais leitores e a aumentar o número de heróis por quadrinho. Todo mundo fica ali misturado e há personagens que muitos não conhecem os poderes direito.

Secret Invasion: Essa realmente deve ter sido criada pelos Skulls!

A Marvel anda optando por massificar as coisas quando o que realmente atraiu o publico nos quadrinhos dela era aproximação do indivíduo. AS pessoas gostavam de ver o aranha convivendo com problemas humanos, e ainda tendo o peso de ser um super-herói. O charme sempre foi aproximar os leitores da realidade fantástica de seus heróis, pois eles eram cegos, cientistas, fotógrafos, e com isso eles poderiam se ver naquelas histórias  seu mundo representado  de forma mais interessante. Mas isso parece que não tem mais espaço. A Marvel assumiu o estilo BlockBuster em suas histórias nos quadrinhos e ainda não percebeu que as maiores obras do gênero sempre foram as autoriais, curtas e que aprofundavam em um personagem.

Até quando isso vai durar?

A seguir a segunda parte do post falando do Reboot da DC!

P.S. Eu não vi nem metade da qualidade de Guerra Civil em nenhuma super saga seguinte

P.S. Sinto falta de sagas individuais boas, e que realmente valiam a pena ler

P.S. Quem começou a ler histórias em quadrinhos recentemente não faz a menor idéia da origem dos heróis, esta maluco com tantos uniformes coloridos ao mesmo tempo.

Quem conta um Conto… O vulto

Olá pessoal!

Cá estou eu novamente para mais um conto de sexta-feira. Vou manter o estilo horror mas dessa vez vou contar algo na nossa realidade mesmo. Espero que gostem de ler como gostei de escrever. e escrevi muito.. da próxima prometo que reduzo.

Carlos Magalhães estava sentado no escuro em sua sala. As luzes que entravam pela janela eram dos postes da rua e da própria lua cheia. Era o primeiro dia de lua cheia.
Repórter de um jornal diário de uma cidade de médio porte de Minas Gerais ele havia sido transferido para a editoria de polícia a um ano após a demissão do repórter responsável.  Mesmo sendo novo na profissão era muito confiante, afinal já havia trabalhado na capital e estava no interior apenas pelo custo de vida e pelo salário que não era dos piores. Tinha um nome forte que ele dizia ser ‘nome de jornalista” até escolheu o nome do meio para manter a pose, já que seu ultimo nome, Silva, era comum demais.  Para ele ir para a editoria de polícia era uma afronta. Ele se sentia diminuido, era da capital oras, podia encarar a política daquela cidade. Mas seu editor disse que era por apenas alguns dias até encontrarem alguém. E já fazia um ano. Seu texto fez sucesso por ele contar detalhes e dar voz a vitimas e testemunhas. Colocava o nome de todo mundo sem pudor e sem ligar para segurança das pessoas. Queria que brigassem com ele, que o mudassem de editoria, mas o efeito foi o contrário, as pessoas viam que havia outros seres humanos por traz das notícias e com isso lá se foi um ano.

Carlos em uma sexta-feira agitada foi mandado para um bairro afastado, onde nem o asfalto havia chegado, para cobrir um homicídio. Aparentemente a mesma história de crimes passionais de sempre. Marido violento, mulher desesperada pede ajuda, ele é obrigado a sair de casa mas mantem as ameaças, até que finalmente consuma o ato. Treze facadas no peito da mulher e depois se matou.  Coisa normal de sexta dizia Carlos. No local o cenário era o normal de um homicídio em bairros mais humildes, vizinhos se amontoando para ver algo dentro da casa, parentes desesperados chorando, policais tentando afastar a multidão da cena do crime. Carlos e o fotógrafo chegaram no carro no jornal e logo chamaram a atenção dos populares. Eles foram os primeiros da imprensa a chegar já que Carlos mantinha em segredo um radio escuta para acompanhar as chamadas da polícia e assim ter alguns furos. A poeira e o calor daquela tarde de setembro estavam muito acima do normal e aceitável  e ele lamentou mais uma vez ter aceitado aquela editoria.

Ele fez o trabalho de praxe, conversou com policiais militares e civis e buscou moradores para contarem como eram as agressões do marido. Logo contaram para ele que havia uma testemunha, a cunhada da vítima, estava chegando na casa quando o homem cometia o crime. Ela estava catatonica como era de se esperar. Ver alguém morrer ao vivo é bem diferente de se ver isso na tv ou em um filme. CArlos chegou até a mulher com seu tradicional ar arrogante e interrompendo uma vizinha que a consolava.

-Boa tarde, sou Carlos Magalhães (ele sempre fazia questão de dizer o nome todo), repórter do Tribuna Diária e parece que a senhora viu o assassinato?

-Olha moço ela esta muito abalada acho que não vai…disse a vizinha.

-Ela só precisa me dizer rapidamente o que viu, não vou me demorar- interrompeu o repórter-.

A mulher levantou os olhos vazios e começou a descrever a cena:

-Cheguei a porta estava aberta e entrei, já tinha esse costume. Quando cheguei na sala vi ele de costas na cozinha, levantando e abaixoando o braço, ela gritava abafada… Tinha muito sangue… E aquele… aquele vulto parado do lado dele… Meu Deus…

Carlos olhava o redor com displiscente com o gravador próximo a boca da mulher mas prestou  atenção quando a mulher falou do vulto.

-Vulto, como assim vulto? Tinha mais alguém na casa?

-Não era alguém, não era… não era gente… Deus…
A mulher começou a chorar e as vizinhas afastaram o repórter ralhando com ele. Carlos correu até o delegado e o chamou para falar em particular. Ele disse que não havia outra pessoa na casa, quando chegaram o suspeito morto na frente do corpo ensanguentado, com um corte na garganta, com a faca nas mãos.  Não tinha como outra pessoa cometer o crime. O legista já havia adiantado que o corpo foi apenas esfaqueado enquanto ele esganava a mulher e depois cortou a própria garganta. Simples o crime já havia sido solucionado. Carlos voltou para o jornal e escreveu a fala da mulher pela primeira vez sem exagerar apenas que ela poderia ter visto outra pessoa na casa e que a polícia descartava a hipótese.
Um mês depois era seu plantão no final de semana. Era quase 4 horas da tarde de sábado quando o rádio da polícia chamou de novo. Ele ouviu outro homicídio passional. Dessa vez no Centro da cidade. No prédio de luxo ele entrou e encontrou com um cenário contido em relação ao crime anterior. Choros mais abafados e curiosos do lado de fora do condomínio. Apenas a imprensa e a polícia dentro. O homem, um empresário da cidade disparou treze vezes contra a mulher com uma pistola automática .40 que ele guardava em casa e depois contra a própria cabeça. Ele também havia mostrado sinais de violência e os vizinhos ouviam ele gritando com a mulher mas como era um condomínio de luxo as aparências eram mantidas. O delegado mostrou a imprensa um vídeo que mostrava o momento em que o homem chegava em casa pelo elevador e entrava no apartamento e deixava a porta aberta. Era possível ver o clarão dos tiros da porta. Mas o que chamou a atenção de Carlos não foi a imagem do homem entrando friamente para matar a mulher. Era um borrão no canto do corredor perto da porta. uma mancha preta. Um vulto.

Três dias depois novamente, outro homicídio. Um homem em um bairro calmo de classe média, um comerciante que já havia sido preso por tentar agredir a mulher com um pedaço de ferro voltou para casa e novamente a agrediu com um pedaço de ferro até matá-la. Treze golpes na cabeça. Segundo o legista contou para Carlos a cabeça da pobre moça  ficou irreconhecível. Carlos estranhou o padrão semelhante. E perguntou aos vizinho se viram mais alguém nas redondezas na noite do crime. Um vizinho disse que viu o homem chegando na casa da mulher. Ele gritava do lado de fora para que ela abrisse a porta. Este vizinho até ameaçou chamar a polícia e o comerciante foi embora. Mas voltou. Ele acredita que o assassino teve ajuda de um chaveiro. Pois ele o viu entrando na casa e podia jurar que havia outra pessoa com ele. Ele viu um vulto do lado do homem enquanto ele abria a porta dos fundos. Por isso chamou a polícia antes do homem se matar com uma corda enforcado.

Nos dois meses depois ocorreram cinco crimes semelhantes. Carlos acabou ficando obcecado pelos casos. Em todos havia o mesmo padrão. Homens violentos que terminavam matando suas companheiras. A arma do crime mudava mas eram sempre treze golpes, treze tiros e o suicídio a pós o crime. Carlos descobriu que ocorriam na lua cheia, geralmente nos primeiros dias. E o mais intrigante, em quase todos testemunhas viam um vulto próximo ao assassino antes do crime. Aquele vulto mexia com Carlos. Ele passou a acreditar que  havia algo de sobrenatural no caso e até tentou convencer seu editor a escrever sobre isso com várias pesquisas sore aparições e demônios e quase foi demitido por isso. Ele ficou omisso a todo o resto. Obsecado com o caso. Passou a discutir sempre com a namorada. Ele estranhamente estava sem paciência com ela e qualquer coisa era motivo de brigas. A medida que a próxima lua cheia se aproximava, ele ficava apreensivo, violento.

Suas brigas ficaram cada vez piores, ele sentia ciúmes de sua namorada com amigos e desconhecidos. Estava doentio. O máximo foi a dois dias da lua cheia em uma briga no carro, quando ela questionou sua sanidade por procurar o tal vulto, ele lhe deu um tapa no rosto. Aquilo foi a gota d’agua. Carlos nunca havia sido violento antes, era arrogante, mas carinhoso e atencioso. Sua namorada o deixou naquele momento e disse que não prestaria queixa se ele nunca mais a procurasse. Carlos ficou arrasado mas continuava estranhamente irado. Quando ela saiu do carro ele se assustou. Poderia jurar que havia alguém no banco de traz. Mas ele viu apenas um vulto.

Naquela noite de lua cheia ele chamou sua namorada para ir até lá. Disse que pediria desculpas de acordo. A mulher chegou na casa e ele estava sentado no escuro.

-Por que esta no escuro Carlos-perguntou com medo a mulher-?

-Assim não posso vê-lo-respondeu secamente-

-Ver quem?

-O vulto, ele me  escolheu agora Katia, por isso estou violento. E Hoje é o dia, primeiro dia da lua cheia. Posso sentir a presença dele aqui nessa sala.

-Esta me assustando Carlos, você ficou obsecado com essa história pare com isso, você precisa de ajuda, de um médico.

-Um médico não vai me ajudar. Ele não vai parar enquanto não completar o que ele quer.

-E o que ele quer Carlos?

-Quer que eu te mate Katia, ele quer que eu te mate.

Katia deu um passo para tras quando viu que Carlos estava armado. Ele ergueu a arma lentamente. A pistola cromada refletia a luz da lua que vinha da janela.

-Me desculpe Katia.

A arma disparou.

No dia seguinte o Jornal Tribuna Diária soltou uma nota de pesar. Seu repórter de polícia Carlos Magalhães Silva havia cometido suicídio na frente da namorada em seu apartamento. Vizinhos contaram que viram um estranho vulto na sala com o rapaz horas antes do suicídio.

PS. Colocaria ps’s mas como já escrevi muito vou deixar pra lá…